Para montar uma equipe de apóstolos Jesus não fez um recrutamento, e sim os escolheu a dedo. Por ser perfeito nada mais lógico do que escolher a “nata”, o “filé”, homens modelos para o seguirem de perto. Mas só de olhar pro currículo de Pedro, por exemplo, alguns poderiam concluir que Roberto Justus faria uma seleção melhor.
Jesus não usou nossos critérios. Não buscava homens pós-graduados em fé, nem doutores em servir ou mestres no “IDE”. Se estivesse atrás desses perfeitões certamente nem começaria o ministério, por causa das vagas ociosas.
Ser cristão nos livra de muita coisa, mas nem sempre nos livra de pagar micos de vez em quando. Às vezes é de vez em sempre, como no meu caso (uma bênção de tão atrapalhada). Não que sirva de consolo, mas até aqueles que estavam todos os dias, andando pra cima e pra baixo com o Messias, tiveram uma coleção de “pérolas” santas.
Por onde passava Jesus operava milagres: curava todo tipo de enfermidade, expulsava demônios. O cego via, o paralítico andou, morta ressuscitou. Era ação sobrenatural que não acabava mais. E ainda assim bastaram umas “ondinhas” para que os discípulos se apavorassem. Jesus não pôde nem dormir o sono dos justos. Foram acordar o Filho do Homem clamando: “Senhor, salva-nos! Perecemos!” (Mt 8:25).
Por mais que a Palavra nos revele o que precisamos para viver em paz vivemos “nos batendo” sem necessidade, quando devíamos nos virar, já que o Senhor permite que façamos as coisas pela autoridade de Seu nome.
Sem dúvida os momentos em que mais fraquejamos são nas necessidades básicas. Ouvimos, anotamos e entendemos a Palavra, mas na hora vem o aperreio apostólico. Numa versão mais do que atual (atualíssima) da Palavra, a pergunta que não queria calar era: “que horas é a merenda?” Em resposta à grande preocupação dos discípulos Jesus veio com a primeira multiplicação de pães e peixes, pois Ele não deixaria o povo passando fome (Mt 14:13-21).
Não demorou muito, após esse grande momento sobrenatural, para mais uma pérola. Pareceu demais para eles ver Jesus caminhar sobre as águas: “É um fantasma!” (Mt 14:26). “Visagem”, na versão atualíssima. Disfarça! Pra terminar de piorar o mico, Pedro ainda emplacou a clássica submersão, movida pela pouca fé (v30).
Vira e mexe o grupo “boiava” nos ensinamentos do Mestre, sempre o chamando no cantinho para revisar a matéria. Um exemplo foi quando disse aos fariseus e escribas que não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas sim o que sai da boca (Mt 15:11).
Falando em boca. “Que horas é a janta?” Enquanto Jesus ensinava que deviam se acautelar do fermento dos fariseus e saduceus, com a hipocrisia de suas doutrinas; o estômago tomava o lugar do cérebro. “É porque não trouxemos pão” (Mt 16:7). Na versão atualíssima: “E eu lá estou falando de pão?”
Ainda teve que “desenhar” pra entenderem. “Tendo olhos, não vedes? E tendo ouvidos, não ouvis? E não vos lembrais, quando parti os cinco pães entre os cinco mil, quantas alcofas cheias de pedaços levantastes? Disseram-lhe: Doze. E, quando parti os sete entre os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? E disseram-lhe: Sete. E ele lhes disse: Como não entendeis ainda?” (Mc 8:18-21).
Minha pérola favorita, por assim dizer, foi digna de uma “pedalada”. Jesus já estava se despedindo, dando mensagens e palavras de conforto e orientação. Após ouvir que Jesus é o único caminho para Deus emerge, da carteira do fundão, a pérola: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (Jo 14:8).
“Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (v9). “Pedala Filipe” (versão atualíssima)!!!
Também houve o momento em que, além de não vigiarem nem orarem, como Jesus instruiu, os apóstolos puxaram o maior ronco, duas vezes, nos momentos definitivos antes do Getsêmani (Mt 14:32-42). Após a ressurreição os micos persistiam, com direito a um ver para crer, que no caso de Tomé foi um tascar o dedão para crer (Jo 20:24-29).
Se depender dos micos acho que tenho vocação para apóstolo. Quem não tem na verdade? Todo mundo tem seus momentos de aperreio, ansiedade, dúvida. Mesmo quando testemunhamos milagres ainda conseguimos nos desesperar quando chegam contas pra pagar. “E que horas é o almoço mesmo?”
Jesus fala que nem só de pão viveremos e que o Reino dos céus não é só comida. E ainda assim nem sempre uma multiplicação de pães e peixes, diante de nossos olhos, é suficiente para sossegar nossos corações.
Diante dessas performances Jesus poderia até arregalar os olhos para nós, de tanta decepção. Mas poderia o Senhor, em tamanha perfeição, passar vergonha por causa do time que escolheu? Certa vez eu refletia em relação a vocação de Pedro; o mais atrapalhado do grupo. “Seria Pedro um fraco perfeito?”
Certamente Jesus precisava de um grupo de trapalhões, para mostrar para os outros trapalhões (presente!!!), o que a glória de Deus pode fazer, transformando anônimos em pescadores de homens. E quem diria: estamos eu e você aqui, conversando com base no evangelho, que só chegou a nós através do chamado de Deus na vida daquele grupo. O Senhor sabia o que estava fazendo!
“E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal”. (v1)
“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça daí”. (v5-8)
“Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós” (v19-20).
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