Com tudo isso, o melhor que este homem pôde dizer foi um lamentoso “ai!”
Reli Isaías 6 e assumi o lugar do profeta, refazendo seus passos. Minha imaginação voou tentando visualizar aquele local, onde as abas das vestes do Senhor enchiam o templo. Já pensou?
Anjos de seis asas clamavam: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória...” (v3).
Como alguém pode ver isso e, ao invés de engrossar o coro dos anjos, solta um “ai”?
O clima celestial foi quebrado por aquela lamentação, que também é a minha lamentação e talvez a sua. Constrangida diante da glória do Senhor começo a fazer um extenso relatório:
“Sabe Deus, sou uma pessoa de lábios impuros. Não é fácil viver aqui, sentindo
que não sou desse mundo. Vivo no meio de pessoas de lábios impuros, que
desprezam o Teu nome e debocham das coisas relacionadas a Ti. Por onde olho vejo
violência, inveja, idolatria. Isso é uma selva de pedra onde ninguém se importa
com ninguém.
Já me senti como um peixe fora d’água. Mais aos poucos
essas ruas foram me tragando, o mundo foi me absorvendo. Ai de mim! Sou pequeno
e fraco. Quem sou eu para fazer algo em Teu nome? Estou perdido”
Acho que o profeta deve ter ficado constrangido ao contemplar o reino de Deus. Isso o fez perceber o quanto havia se afastado daquela meta e ocupado seu tempo com os afazeres de outro palácio. Todos nós temos palácios no qual dedicamos atenção (trabalho, estudo, casamento, etc...) e provavelmente estamos nos saindo bem.
No lugar de Isaías vi que o reino avança de uma forma que ninguém pode conter. Meus olhos podem estar olhando para outros palácios. Mas ainda que eu não tivesse percebido a glória do Senhor está enchendo o mundo. É promessa. Vai se cumprir!
O profeta disse “eis-me aqui” depois de ter sido tocado nos lábios por uma brasa viva.
Mas, de verdade, como eu poderia ser queimada?
É, já perdi muito tempo fugindo dessa brasa. Quando uma criança rala o joelho chora para que alguém alivie aquela dor. Só que ela se desespera quando alguém tenta por um remédio ardido que lhe trará cura e alívio.
Continuo dizendo ai, se não deixar Deus tocar nos meus impedimentos.
Continuo dizendo ai, se tiver medo que Ele mude em mim o que é necessário.
Continuo dizendo ai, se não confiar Nele para que me livre dos medos.
Continuo dizendo ai, se não quiser ficar marcada para sempre.
Puxa! A lamentação de Isaías foi tão, mas tão inconveniente... Um “ai” não combina com a atmosfera do reino.
Assim como aconteceu com Isaías me sinto constrangida. Deus poderia ter reagido de tantas formas à inconveniente fraqueza do profeta. Mas o chamado de Deus é irrevogável, suas promessas são irrevogáveis, seu amor é irrevogável.
Misericordiosa brasa. Com ela Deus torna simples o que nós complicamos.
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