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terça-feira, 10 de maio de 2011

Consumidos

“Porque o nosso Deus é um fogo consumidor" (Hebreus 12:29).

Sabemos que cada um de nós tem um Isaque. Sabemos que esse Isaque é algo que nos custa muito, que nosso coração pode estar nele. Também sabemos que mais cedo ou mais tarde Deus o pedirá em sacrifício. Talvez só nos falte uma coisa: entender o que é, de fato, sacrificar.

Para nós a oferta de Abraão foi perfeita, já que ele realmente estava disposto a dar o seu único filho em sacrifício ao Senhor (Gênesis 22). Mas foi um sacrifício quase perfeito. O “quase” está na limitação humana em entender os propósitos e meios com que Deus opera a sua vontade perfeita.

Quando o Senhor decidiu pôr Abraão à prova ordenou assim: “Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei” (Gn 22:2).

Até aqui nós somos como Abraão: vamos preparar nosso jumento e subir ao monte para adorar ao Senhor. No caminho cantaremos aquela canção: “Se eu me humilhar diante do teu altar e sacrificar aquilo que me custar...”. Em obediência vamos preparar a lenha e trazer a preciosa oferta, meio engasgados ao conter as lágrimas. Cheios de temor, talvez com as pernas trêmulas, vamos fazer o sacrifício. Provavelmente faremos desse jeito:

“...ali edificou um altar, sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar.... e, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho” (Gn 22:9-10).

Qualquer pessoa, cristã ou não, deve concordar: parece uma cena de terror. Só não teve sangue porque Deus não permitiu que Abraão continuasse. Também poderíamos nos perguntar: “que Deus é esse que pede para alguém matar um garoto? Sacrificar? O próprio filho?”

Era costume na cultura hebraica as ofertas de sacrifício. A mais comum era o holocausto - onde a oferta é consumida totalmente pelo fogo. Toda oferta tinha que ser agradável ao Senhor e, simbolicamente, subiria com cheiro suave à Ele. Foi esse o sacrifício ordenado à Abraão.

Semelhante aos hebreus muitos outros povos também tinham o costume de fazer ofertas de sacrifício, em honra aos seus deuses. Até a palavra holocausto é de origem grega (holos=todo + kaustos=queimada). Ao holocausto Abraão, por conta própria, queria acrescentar a imolação. Imolação é um sacrifício onde a oferta (o animal) é despedaçada e em seguida queimada.

Na época não havia uma cartilha de sacrifícios para que Abraão consultasse. As regras viriam muito tempo depois, com as leis descritas em Levítico. Mas naquele momento a escola de Abraão foi a forma pagã de sacrificar, conforme os rituais dedicados a Moloque, a quem os amonitas sacrificavam crianças.

Deus não pediu que Abraão destroçasse seu filho. Imagine que cena terrível seria essa! Imolar também é sacrificar, mas não é isso que o Senhor pede.

A mente daquele pai era limitada como a nossa. Se algo nos foi pedido podemos até passar pela primeira etapa, que é a da obediência. Mas ainda assim ficaremos com uma visão destorcida de Deus. Lá no fundo Ele será o destruidor dos nossos sonhos, destroçador daquilo que temos de precioso. Aquele que pede para que você degole o seu Isaque.

Sacrifício não tem sentido se for fácil, se não nos custar (I Pe 2:5). Mas do que adiantará levar ao altar aquilo que Deus nos pediu se dentro de nós ficarmos com o sentimento de que Ele nos tomou algo, bruscamente? Abraão chegou até a amarrar o filho, como se faz com os animais. Na mente dele Isaque poderia oferecer resistência (mas sabemos que ele não disse uma só palavra).

O mundo nos ensinou que sacrificar é algo extremamente ruim. Fácil não é, mas por que terrível? Deus pede sacrifícios mas não quer destruir o que você tem de mais precioso.

O que Ele espera de nós é o holocausto. Ser consumido pelo fogo é um sacrifício. Mas se a idéia de ser queimado ao invés de degolado parece não ter muita diferença, pense assim: como seria se Abraão concretizasse o holocausto? Deus queria apenas provar o coração de Abraão e até então nunca havia pedido um sacrifício humano. Mas, se Ele desejasse realmente tomar a vida do garoto (Ele é o dono mesmo), como seria esse fogo?

Me arrisco a imaginar que não seria um fogo qualquer. Não seria uma simples fogueira. Duvido que Isaque fosse dar um grito sequer. A oferta subiria ao Senhor como incenso suave, extremamente suave. Este seria o fogo consumidor e certamente Isaque teria uma experiência que nem Moisés, nem Elias, nem Enoque tiveram. Ser consumido pelo fogo consumidor de Deus, já imaginou?

Mas, como já sabemos, o final da cena é escrito pelo Senhor. Sacrificar é deixar algo totalmente disponível para Deus. A nós não importa saber o que será feito, ou se a oferta será devolvida. A oferta de Abraão foi concretizada, pois ele tornou o seu único filho totalmente disponível ao Senhor.

E nós? Até quando sacrificar será para nós um filme de terror? Na sua mente Deus é apenas alguém que gosta de tomar as coisas dos seus servos?

Imagine que alguém de sua extrema confiança pede assim: “você pode deixar sua casa disponível para mim por uma semana?” Certamente você daria as chaves a pessoa, sabendo que ela cuidaria bem do lugar. Talvez estivesse até disposto a arcar com possíveis prejuízos, em consideração a pessoa.

Deus não é irresponsável. Se Ele nos pede algo não temos que perguntar: o que o Senhor vai fazer com a minha vida? Pra onde vai com o meu tempo, com a minha profissão? Por que queres minha mente, meu dinheiro, minha família? Também não devemos caminhar chorando ao altar pensando: “lá vou eu degolar meus sonhos em obediência ao Senhor”.

Apenas deixe lá no altar para que Ele consuma, tome para Si. Deixe consumir!

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