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terça-feira, 30 de março de 2010

Relacionamento, amor e perdão

Essas três coisas estão estremamente ligadas em nosso dia-a-dia e influenciam tudo em nossas vidas. Os relacionamentos são construídos quando compartilhamos com alguém coisas em comum.

Mas quando surgem divergências o relacionamento deixa de ser prazeroso. É quando ficamos cheios de receios, raiva, mágoa. Daí decidimos não nos relacionar mais com aquela pessoa.

Um exemplo bem claro dessa quebra aconteceu com os irmãos Jacó e Esaú, como é relatado em Gênesis. Por ser o primogênito Esaú tinha direito a receber a bênção especial do pai, Isaque:
"E ele disse: Eis que já agora estou velho, e não sei o dia da minha morte. Agora, pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça. E faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma; para que minha alma te abençoe, antes que morra" (Gênesis 27:2-4).
De olho nesse privilégio Jacó (que significa usurpador, aproveitador) tramou um plano para enganar o pai. Sabendo que este estava velho, com a visão fraca, Jacó foi até o pai vestido com as roupas do irmão. Em seguida chega Esaú até o pai, e juntos descobrem o engano. Esaú grita amargamente e fica desesperado, pedindo ao pai outra bênção. Mas era inútil, pois ele já havia liberado uma palavra para que Jacó prevalecesse sobre o seu irmão. 

Para Esaú ele liberou essa palavra:
"Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, e sem orvalho que cai do alto. Viverás da tua espada e servirás a teu irmão; quando, porém, te libertares, sacudirás o seu jugo do teu pescoço" (v39-40).
Quem poderia perdoar esse irmão? Esaú jurou Jacó de morte.

Para matar alguém não é necessário usar uma arma. Jesus disse que até com a nossa mente é possível fazer isso. As palavras que saem de nossa boca matam mais do que espada. Quando alguém trama algo na mente, desejando pagar na mesma moeda, já é assassino (Mateus 5:22).

O Inimigo das nossas almas não deseja a possibilidade de reatarmos, pois busca a desunião entre as pessoas, destruição de relacionamentos. Por outro lado Jesus diz que o amor não é uma opção - é obrigação!
"Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes?... Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste" (Mateus 5:43-48).
Isso não é uma escolha. Se alguém é filho de Deus, ama. O povo, que se dizia de Deus, havia pego um mandamento para amar o próximo e acrescentou o trecho do ódio. Acabou virando um ditado popular, repetido durante séculos. Mas Jesus veio para tirar a lei de ontem e de hoje. Impossível ser perfeito? Jesus diz que devemos ser perfeitos como o Pai celeste.

Amor é sinônimo de perfeição. Mas em nossa mente insistimos em ter um débito de perdão, pelas ofensas, mágoas e coisas desagradáveis que recebemos de alguém. Se fomos magoados nos sentimos subtraídos, esperando reposição para poder perdoar. Chegamos ao ponto de orar para que Deus mude o caráter dos outros, mas isso vai contra a natureza Dele.

Jesus veio trazer amor e não lei. Nunca exisitu e nunca existirá um homem que seja merecedor da graça de Deus. Mesmo assim Jesus morreu na cruz, para que fossemos perdoados. Então, como nós poderíamos ter dívidas de perdão com alguém? Ele diz que temos que amar até os nossos inimigos.
"O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros" (Romanos 12:9).
Amar cordialmente é amar de alma, do seu íntimo. Jesus foi a maior prova de amor. O perdão quita tudo. No latim o prefixo "per" significa continuidade, "dão" vem de "donare" (dar, dádiva, concessão). Ou seja, perdão é algo contínuo, perpétuo. Não é dá boca pra fora, é algo constante.

Certa vez Pedro perguntou a Jesus: "Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?" (Mateus 18:21). A lei judaica dizia que deveríamos perdoar até três vezes. Pedro, querendo bancar o generoso, dobrou a concessão. Ele transformou o que é perpétuo em migalha.

E Jesus respondeu: "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete" (v22). Não, a resposta não era 490, ele estava dizendo que o perdão é permanente, independente de quantidade.

Quando alguém falha continuamente conosco decidimos ser superiores, estabelecendo um limite, para não sermos mais prejudicados. Algo do tipo: "Você não me passa mais para trás. Não serei mais lesado. Na próxima eu não perdoo mais".

Nessa hora saímos da condição de filhos de Deus - é automático. E não adianta orar, ir a igreja, pois tudo será mera liturgia hipócrita. Jesus já diz isso há muito tempo!

Usando uma parábola ele deu o exemplo de um servo que teve uma enorme dívida perdoada pelo rei. Eram dez mil talentos (um talento equivale a uma jornada inteira de trabalho). Se não houvesse o perdão todos os seus bens seriam tomados e ele, junto com a mulher e filhos, seriam vendidos como escravos.

Mais tarde ele encontra um de seus conservos (servo do servo), que lhe devia cem denários (dívida muitíssimo inferior a dele), e o agarrou pelo pescoço para cobrá-lo. Ele não aceitou sua súplica e o mandou para a prisão.
"Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?
E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão" (Mateus 18:32-35).
Quantas pessoas, a quem deveríamos amar, nós sufocamos desse jeito? Por uma mágoa, uma ferida, abrimos a boca para falar besteiras, como se as nossas vidas fossem realmente pautadas pelas coisas ruins que falaram de nós. Com esse sentimento mesquinho do coração humano ficamos dosando o perdão, quando nossas mãos deveriam estar abertas, sempre. Por que deveria ser diferente com alguém?

"Servo malvado", diz o Senhor. Esse foi o exemplo em uma parábola. Na vida real também existe uma dívida e uma condenação, que será eterna se não liberarmos perdão. 
"Levantando Jacó os olhos, viu que Esaú se aproximava... E ele mesmo, adiantando-se, prostrou-se à terra sete vezes, até aproximar-se de seu irmão.  Então, Esaú correu-lhe ao encontro e o abraçou; arrojou-se-lhe ao pescoço e o beijou; e choraram" (Gênesis 33:1-4)
Imaginem a cena: dois homens adultos, pais de família, ricos, se beijando e chorando na frente de todos. Anos atrás o pai já havia dito: "... quando, porém, te libertares, sacudirás o seu jugo do teu pescoço" (Gênesis 27-40). Esaú liberou perdão e só assim pôde ser abençoado. Nações inteiras surgiram a partir de sua descendência.
 
Por uma palavra áspera ficamos muito tempo sem falar com alguém. Só se perdoa quando há amor no coração. Sem amor não há perdão. Quem não é filho de Deus não compartilha do amor que morreu na cruz, e não manifesta o perdão.

Faça como Esaú - sacuda o jugo. Quando perdoamos destravamos nossa vida e geramos nações.
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