“Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo. Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem osmeus passos” (v1-2).Ele começa fazendo uma afirmação e em seguida comenta que quase se desviou dos caminhos de Deus. É quando começa a comparar a vida dele com a dos perversos:
“Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos. Para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio e nédio” (v3-4).
Era um momento de dúvida, por causa de algo que viu e não compreendeu, fazendo com que fizesse a comparação.
“Não partilham das canseiras dos mortais, nem são afligidos como os outros homens” (v5).
Ao observar a vida deles parecia que eles não se preocupavam. Parecia que nenhum mal os afligia, tinham o corpo sadio, vestiam as melhores roupas e comiam do bom e do melhor. Em sua mente pensava: “eles são ímpios e tem tudo isso e eu estou aqui tão afligido”. Talvez você esteja desse jeito – enfadado, comparando-se a pessoas que, aparentemente, tem uma vida muito boa, apesar de não servirem a Deus.
“Daí, a soberba que os cinge como um colar, e a violência que os envolve como manto” (v6).
A soberba dos ímpios era a origem do conflito do salmista. Ele estava observando pessoas soberbas, que acreditavam não precisar de Deus, afinal, tinham de tudo, tinham o poder nas mãos deles. Essa soberba é como um colar. É algo que fazem questão de mostrar.
Por outro lado a violência não precisava ser exposta, por se tratar de uma violência moral. Quem é afligido por essas pessoas acaba tendo que se submeter a situações injustas, sem poder fazer nada. A soberba faz tudo ficar encoberto, como um manto.
“Os olhos saltam-lhes da gordura; do coração brotam-lhes fantasias” (v7).
Segundo a sabedoria popular mente vazia é oficina do Diabo. Essa conclusão é reforçada aqui. Na mente desses desocupados, independente do grau de intelectualidade, afloram o que o salmista chama de “fantasias”. É o tipo de pessoa suscetível a coisas macabras. O coração está cheio do mal. Não há ocupação suficiente para elas e a cabeça fica vazia para fazer coisas ruins.
Era com esse tipo de pessoas que o salmista estava se comparando, porque eram estas que o afrontavam no dia-a-dia.
“Motejam e falam maliciosamente; da opressão falam com altivez” (v8).
Eles falavam orgulhosos, como se estivessem sempre por cima. Naquele momento, aos seus olhos, era como se o poder estivesse nas mãos deles, e não de Deus.
“Contra os céus desandam a boca, e a sua língua percorre a terra. Por isso, o seu povo se volta para eles e os tem por fonte de que bebe a largos sorvos” (v9-10).Eles falam bem, pois tem respaldo para falar o que acham, já que são prósperos em tudo. Por isso falam até contra os céus, e o povo os ouve:
“E diz: Como sabe Deus? Acaso, há conhecimento no Altíssimo?” (v11).
São pessoas que tem muito a dar para desviar as pessoas. Eis o retrato das pessoas que o cercavam, e que nos cercam – que blasfemam e fazem maldades:
“Eis que são estes os ímpios; e, sempre tranqüilos, aumentam suas riquezas” (v12).Porém o salmista tinha um coração justiceiro, com senso de justiça. Nessa hora somos levados a pensar: “eles fazem tudo isso e nada acontece. Deus não faz nada?”
“Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência. Pois de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado” (v13-14).
Davi não estava vivendo apenas um conflito pessoal. Estava também vivendo a aflição de seu povo. Ele era um rei com senso de justiça que via o ímpio prosperar e o povo dele não. Difícil era para ele ir dormir, acordar e ver que nada havia mudado. Teria sido tudo em vão buscar a santidade?
“Se eu pensara em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos. Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim” (v15-16).
Por ser rei ele vivia essa aflição em silêncio, e só de pensar nisso seria o mesmo que trair uma geração da qual deveria cuidar.
Em nossa caminhada há muitos momentos em que racionalizamos as coisas, e isso nos consome só de pensar. Ficamos cansados, passamos os dias tentando entender, racionalizando o tempo todo. Porém, nas orações, há duas situações – dentro e fora do santuário.
“... até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles” (v17).Nem sempre estamos dentro do santuário. Quando entramos lá há mudança. É quando nos despojamos do “eu” e aceitamos a nossa incapacidade de fazer algo. O Espírito Santo só nos responde no silêncio. Há um momento específico para entrar no Santo dos Santos e lá dentro é onde se adora descansado. Mas enquanto estivermos em conflito Ele não agirá. Enquanto aos ímpios, estes se perdem nos seus próprios caminhos:
“Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição. Como ficam de súbito assolados, totalmente aniquilados de terror! Como ao sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, ao despertares, desprezarás a imagem deles”(v18-20).Nas mãos de Deus está a justiça. Ele pode mudar o destino de quem quiser. Não seria nenhuma lei nem o governo do rei que faria isso.
“Quando o coração se me amargou e as entranhas se me comoveram, eu estava
embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença” (v21-22).
Enquanto estava de coração amargo estava com raiva, e com isso ficou cego. Somente quando entrou no santuário de Deus o Espírito Santo pôde falar ao seu espírito. Da mesma forma podemos entrar no santuário para que nosso coração seja ministrado com paz. Deus tem as respostas para tudo, mas precisamos estar descansados.
“Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória.
Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre.
Os que se afastam de ti, eis que perecem; tu destróis todos os que são infiéis para contigo. Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos” (v23-28).
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