O que nasce de um coração endurecido? Que alcance tem as decisões daquele que segue apenas suas convicções, sem olhar para quem está ao redor? Escolher a Deus, ouvir e seguir suas palavras são escolhas pessoais. Mesmo assim algumas decisões têm poder para influenciar e mudar o rumo de outras vidas, na forma de bênçãos e também de pragas.
Se houvesse um álbum dos corações endurecidos da História o faraó do Egito, nos tempos de Moisés, não ficaria de fora. Foi ele quem protagonizou um drama de incrível intransigência narrada na Bíblia. Negando e descumprindo sua palavra sucessivamente, o escravizador dos israelitas se recusava a deixar o povo de Deus sair daquela terra, que no passado chegou a alimentar nações nos tempos de José.
Não por falta de aviso o faraó padeceu com pragas enviadas por Deus, para que mudasse de idéia. Cada praga foi mais devastadora que a outra. Rios se transformam em sangue, rãs invadem as casas, piolhos se espelham, moscas surgem em enxames, pestes acometem os animais, úlceras afligem o povo, chuvas de pedras destroem tudo, gafanhotos devoram plantações, trevas desnorteiam o povo, primogênitos morrem.
A cada praga o coração do faraó seguiu endurecido. A decisão competia a ele, pois estava no comando. O povo egípcio foi ao desespero a cada praga. Até os oficiais, que apenas cumprem ordens, viram que era a mão de Deus naquilo tudo e clamaram para que o faraó desse o braço a torcer. Faltou humildade e sobrou opressão que também atingiu os israelitas em alguns momentos, pois tiveram a fé abalada a cada “não”.
O sossego, sustento, bens e saúde do povo foram tomados pelas pragas. Quantas vezes nosso egoísmo fez isso com os outros? Nossa intransigência já matou a esperança de alguém? Lá pela terceira praga o arrependimento pode ter brotado no coração de alguns. Mas quem escapava de uma nem sempre resistia à próxima praga. Não havia proteção para os indecisos, nem para os arrependidos de ocasião.
Dizer não ao Senhor foi escolher as pragas, que não atingiam os tementes a Deus. Perigoso, ainda nos dias de hoje, é esquecer que o Inimigo também manda pragas, pois é um imitador. A diferença é que este é o próprio gafanhoto e não faz distinção de alvo. Com resistência e teimosia no coração o que parecia ser o pior fica pior.
Somente com palavras o Egito não deu atenção para o Deus anunciado por Moisés. Mas foi naquele caos que o Senhor mostrou que não estava somente cuidando para que os poços de Isaque não fossem entulhados. Não era mais a história de uma família em questão e sim de um povo. Tudo a partir dali seria uma questão coletiva aos olhos de Deus.
E não é que chegou a nossa vez nesse efeito em cadeia? Quantos ao nosso redor, mesmo em silêncio, clamam a nós por liberdade, pelo fim do sofrimento, através de uma decisão? Temos nosso próprio RG, mas no grande empreendimento de Deus somos um coletivo. Não recebemos as bênçãos nem as pragas sozinhos.
No nosso Egito podemos assumir três papéis. Podemos ser o faraó, que toma as decisões, mas prefere ser vítima das pragas. O povo egípcio, que recebe as pragas indiscriminadamente. Ou ainda os israelitas, que ali permaneciam escravos daqueles que não temiam a Deus. O que separava o povo de Deus da liberdade era um coração duro, assim como separava os egípcios da salvação.
Muitos prefeitos, governadores, presidentes, patrões, pais, mães, irmãos, professores, líderes religiosos, coordenadores, vizinhos, amigos, são verdadeiros faraós. Quem conduzirá sua família, seu ambiente de trabalho, sua cidade, para Deus? Quem seremos: o opressor ou o veículo de redenção?
quarta-feira, 23 de julho de 2008
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