Site MANT Belém

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Coisas nobres

“Sê forte e corajoso e faça a obra, não temas,
nem te desanimes, porque o Senhor Deus, meu Deus,
há de ser contigo; não te deixará, nem te desamparará,
até que acabes todas as obras
para o serviço da Casa do Senhor”. (1Cr 28:20)
.
“A glória da segunda casa será
maior do que a primeira,
diz o Senhor dos exércitos”. (Ag 2:9)


Gente nobre projeta coisas nobres. É uma relação lógica, de explicação simples. Só que por mais que isso fosse repetido com tanta convicção pela pastora Kênia, no domingo anterior a inauguração oficial do novo prédio da Casa do Pão, era difícil traduzir essa Palavra, e colocá-la aqui. Tive outra chance, pois a ministração foi dividida em duas partes. Eu entendi, ou pelo menos achava que sim. Mas como explicar para os outros, que aquilo não era apenas concreto? Que não era apenas uma fachada maior, mais espaço? Era mais, muito mais! Só que eu não conseguia mostrar com palavras.

Escrevendo no blog confirmei que para ser jornalista o principal não é saber escrever. Para estar nessa função é preciso saber olhar, reparar nos detalhes, que parecem sem sentido. Tenho essa mania e somente na inauguração da nova casa resgatei algumas imagens, que arquivei dentro de mim nos últimos tempos.

Há tempos coleciono imagens de igrejas. Só na extensão da Alcindo Cacela, onde moro são pelo menos umas dez, de várias religiões. Rodando pela cidade diariamente de carro (do jornal) ou de ônibus, é fácil perceber que as evangélicas são maioria esmagadora. Passei a notar locais onde não havia igrejas quando eu era mais nova. Também andei muito pelo interior do Pará em julho, sempre na janela, e ia reparando nas igrejas às margens das estradas. Não importa a distância nem as condições da estrada, há sempre uma igreja nas redondezas.

Algumas são de madeira, brutas ou de lei. Outras têm mármore, outras têm lajotas na parede. Umas têm letreiro, outras trazem faixas amarradas com pintura feita à mão. Umas são largas, outras estreitas. Umas têm vários andares, outras funcionam no térreo de estabelecimentos comerciais. Umas são enfeitadas, outras são retratos da simplicidade.

Porém, a mais marcante foi uma igreja evangélica de pau-a-pique que vi ao retornar de Salinas. Por mais que fosse barro moldado, em aspecto precário, achei aquilo no mínimo singelo. Imaginei como eram as casas de quem a construiu. Logo, concluí que aquilo ali devia ser um palácio. Percebi que aquele barro era o que havia de melhor, em meio aquela pobreza, expressada na própria igreja da comunidade. No futuro as casas deles serão de madeira e a igreja de alvenaria, e assim por diante, espero. Queria escrever sobre aquelas igrejas, mas não sabia ainda o que era necessário e porque era necessário escrever sobre elas. Apenas esperei.

Há muitas igrejas suntuosas em Belém. No final de semana visitei duas paróquias, pelos ossos do ofício. No sábado acompanhei uma missa de sétimo dia que era de corpo presente. Como corria o risco de ser convidada a me retirar pelos familiares da jovem, que não queriam papo com a imprensa, fiquei a paisana. Era uma igreja nova e estilosa, bem mais do que as paróquias tradicionais com arquitetura antiga. Entendi o motivo quando vi os nomes de famílias influentes gravados nas laterais de alguns bancos.

É um hábito que atravessou séculos, visto na Basílica de Nazaré, por exemplo. As famílias que investiram grandes quantias na construção marcaram seus nomes ali. Como elas foram financiadoras da obra cada família sentaria nas fileiras reservadas eternamente.

No domingo lá estava eu, em frente a basílica, esperando a missa das oito acabar para entrevistar o padre. Da porta levantei os olhos para o teto, muito alto, com rostos de anjos talhados cuidadosamente em traços dourados. Depois voltei meus olhos rapidamente para o chão e olhei para as pessoas. Nas duas igrejas, em meio aos cânticos, estava silêncio. É que não dava para ouvir os corações das pessoas.

Do texto impresso na folha de cântico, entregue na chegada, pouco era acrescentado. Para tudo há uma hora - para falar, para repetir orações, para sentar e levantar. Muitos repetiam as orações olhando para o lado, se coçando, ajeitando o cabelo, com o pensamento distante. Não se ofenda se você estava lá, apenas pense nisso. Digo isso porque conheci essa rotina, o suficiente para saber que não estava sendo sincera com Deus. Eu estava em busca dele, para me prostrar, para ter intimidade.

Mas se eu começasse a chorar de arrependimento por meus pecados, por exemplo, viraria o centro das atenções. Não lembro de ter visto ninguém chorar perto de mim, mesmo quando éramos incitados a nos arrepender. Da mesma forma não consegui ouvir nesse final de semana os corações falando, conversando com Deus. Os corações não diziam: “eu te amo, eu não posso viver nem um segundo sem Tua presença, estou arrependido por este pecado que me afastou de ti”. Tudo era suntuoso, e para muitos era apenas suntuoso.

Na semana passada a Palavra do culto foi sobre a grande obra para construção de um templo para Deus, sonhada por Davi, mas executada pelo filho Salomão. Aquele sábio rei concluiu que não seria uma obra qualquer. Afinal, se ele desfrutava do melhor em seu palácio, como seria um palácio para Deus, o Rei dos reis? Salomão era nobre, de título e de alma, logo o projeto era nobre, para alguém mais nobre ainda.

Projetos nobres precisam da melhor equipe, para cada serviço, e todos precisavam estar dispostos. Havia até patrocinadores, como nos dias atuais. Isso porque não bastava uma estrutura, mas também um bom acabamento, com revestimento de extrema nobreza, com ouro, prata, bronze, pedras preciosas, tudo em abundância. Não eram coisas que podiam enferrujar. Assim também são os propósitos de Deus. Por isso investir em Seu Reino é um projeto nobre. Foram sete anos de dedicação para erguer o templo. A primeira providência foi levar a arca, que simbolizava a presença de Deus naquele lugar.

Só que o fruto de tanta dedicação foi destruído, Deus permitiu que fosse assim. A reconstrução veio nos tempos de Ageu, mas sem a abundância de metais e pedras preciosas, sem a mesma grandiosidade do primeiro templo. Os que faziam a reconstrução tinham uma ponta de tristeza, porque o templo novo não era tão suntuoso como o primeiro.

Na noite da inauguração do novo prédio da Casa do Pão, como disse antes, cheguei atrasada e não havia lugar para que eu sentasse. Glórias a Deus! Do que adiantaria ter meu nome gravado em ouro naquele lugar se não puder ter meu nome escrito no livro da vida? Se estou na casa do meu Pai porque não conversar com Ele, olhar, ouvir Sua voz?

O templo pode ser o maior e mais belo, mas tudo será derrubado e reconstruído quantas vezes forem necessárias. Assim será se Deus precisar refazer os caminhos velhos, dar novo sentido às coisas. Não há motivo para se lamentar pela destruição da primeira casa. Afinal, a promessa para qualquer obra aprovada por Deus é a Sua maravilhosa presença.

Não! Aquilo não é concreto, não é um monte de cadeiras. É uma casa maior do que a primeira, mas que está pequena já na inauguração. Os obreiros precisam dar o mármore, se for a oferta mais preciosa. Só que mesmo no templo de barro haverá nobreza desde que a obra tenha um único propósito, ter a presença do Rei naquele lugar!

Traremos barro, traremos madeira, traremos cimento, traremos ouro, traremos prata. Só não saia dessa casa Pai, fique a vontade. Nos faça enxergar que não é uma edificação, é um lugar para o Teu projeto. Do lugar onde estivermos faça a Tua igreja. Nos transforme em obreiros e também em igrejas ambulantes, em tabernáculos. Belém precisa da Tua igreja. Quebre essas paredes e faça dessa cidade um templo maior, se faltar espaço. Mas não nos deixe ficar sem a Tua presença.
Site MANT Belém

2 comentários:

Anônimo disse...

Grata Senhor meu Deus! Muito grata.




Todo glória ao Teu nobre nome!

Anônimo disse...

Olá querida!
Você se chama Marta né?
Paz e Santidade estejam em seu coração!

Meu nome é Ramon
Eu,por acaso lí o post "coisas nobres"
Parabéns pela intensa riqueza de Deus que você passa em cada palavra.
Só quero dizer que sou católico e que na parte que você fala das pessoas na missa,há muita coisa que você não percebeu,muitas.
A missa,é a parte mais importante do culto católico sim,mas as coisas que você citou de pessoas manifestando a graça de Deus,com choro,levantar das mãos
essas coisas tão comuns no meio evangélico acontecem aqui sim,
você ainda não deve ter visto
o Fluir e Avivamento do Espírito santo é tão abundante quanto nas outras igrejas.
Os "católicos" apáticos que você viu são nada mais que pessoas que se dizem praticar uma religião,mas nõa buscam em nada uma intimidade com Deus,a maioria está alí só por costume,proximidade de Deus há bem pouco.
Tudo é uma questão de escolha,
na verdade as pessoas têm medo de se comprometer com Deus.
Na missa há sim,um folheto
com hora certa de responder,
de convite a orar e etc.
é assim por questão de organização,
muitos são contra isso,
eu acho lindo, a santa missa me cura todas as vezes que participo,
fico estasiado.
Deus nos dá livre arbítrio
livre escolha
falta apenas a decisão das pessoas!
As vezes o silêncio,a calmaria,nos aproximam muito mais de Deus do que nossas lamúrias,choros,muitas palmas, essas ações que são sim boas
mas nem sempre nos levam a uma proximidade com Deus como um coração silencioso e ouvinte da voz de Deus.
Eu sou católico e vivo a minha fé
eu sou batizado no Espírito Santo
creio na graça de Deus que é mais que a bundante em minha vida,
quero que todos conheçam a esse Jesus que mudou minha vida(e a sua com certeza)
como é belo ser verdadeiramente livre aos pés de Jesus!
Gl 5,1
Um abraço fraterno!
Paz e santidade!

Se quiser conversar mais comigo:
anjomamon@hotmail.com

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