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sábado, 20 de junho de 2009

Crônica – Olha pra mim

Quando nos derramamos em oração, ou mesmo num tímido clamor, temos esse desejo – que Jesus nos olhe. Um desejo que olhe para mim de um jeito especial. Sempre estamos em busca desse olhar – o mesmo que localiza publicanos de baixa estatura no alto das árvores.


“Olha pra mim”, clamamos. Olha pra mim Senhor, olha para o meu problema e traga a solução. Olha para a minha dívida e derrama a provisão. Olha para a minha doença e conceda a cura. Olha para a minha casa e traga a paz.

Imploramos sempre: olha pra mim! Mas nunca houve um olhar tão... tão... tão desconcertante como o que foi lançado em Pedro:

“Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou das palavras do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo” (Lc 22:61).

Considero o sentimento desse apóstolo como a pior sensação que um homem poderia viver na face da terra. Nem de longe poderia imaginar como foi aquele choro amargo, por ter traído Jesus de forma tão tola.

Tentei visualizar como foi o olhar de Cristo. Parece estranho, mas desde a última vez que li esse versículo desejei que o Senhor olhasse pra mim, desse mesmo jeito. Eu descobri que esse olhar é maravilhoso!

O mesmo sentimento tive ao ler sobre uma figueira. Não é aquela em que Jesus procurou frutos e não achou, ordenando em seguida que secasse definitivamente. Descobri que existe outra:

“... Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não acho; podes cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?

Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la” (Lc 13:6-9).

Parecem duas histórias cruéis. Nessa parábola de Jesus e no olhar em Pedro, vi reticências, como um espaço para que eu complete. Complete com reflexão, arrependimento, mudança de atitude. Nas duas passagens eu vi esperança, misericórdia, amor. Tudo isso num olhar.

O tal galo cantou quando Pedro ainda estava falando. Mal havia completado a frase usada para negar Jesus sem titubear.

É nessa hora que eu clamo para que Jesus me olhe. Me olhe quando ainda estou falando aquela bobagem. Quando estou cometendo aquela tolice. Quando me rebelo. Quando fujo. Que me olhe quando estou parada, sem fazer nada pela obra. Me olhe quando estou fazendo coisas que entristecem o Senhor. Que me olhe quando ainda nem terminei aquela frase dura contra o meu próximo.

Quero que Jesus me olhe, não me arranque, e permita que minhas raízes sejam nutridas. Meu clamor é para que me deixe continuar, apesar dos tempos infrutíferos. Apesar daquelas vezes que o neguei (que certamente foram mais de três).

O olhar de Jesus sobre Pedro não era uma cruel condenação. Aquilo foi uma das provas de Seu imenso amor. Nessa hora o apóstolo caiu em si. O Senhor fixou os olhos para que Pedro (que ainda não era uma rocha) pudesse finalmente entender onde estavam as lacunas, os buracos no muro.

Jesus fixa os olhos, para que eu entenda. Para me lembrar: “Eu te amo, te chamei e não quero desistir de você. Ô homem, ô mulher. Caia em si e não desista do que estou preparando”.

Quando o cenário estiver confuso e o Filho do Homem for traído, não quero sair pela tangente, como aquele outro traidor que, vazio de esperanças, se entregou à morte. Que eu possa ao menos clamar por nutrientes, como uma figueira estéril.

Nós precisamos do olhar de Jesus; como precisamos. Se Ele não nos olhasse, morreríamos. Ainda que eu chore amargamente fica o clamor: Jesus, olha pra mim!
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