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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Uma conversa com...

David e Brena Riker
(Ministério Aba Pai - Em Deus a Redenção da Sexualidade)

Em 2005 o jovem casal foi impulsionado a levar ajuda espiritual para homossexuais nas noites das ruas de Belém. Lá eles perceberam que, semelhante à escuridão noturna, a questão da homossexualidade está escondida como um assunto pouco ou nunca falado abertamente nas igrejas.

O evangelismo em zonas de prostituição foi a semente para surgir o Ministério Aba Pai, que tem como objetivo a redenção da sexualidade em Deus. O nome expressa com perfeição o sentimento que impulsiona David Riker, 24, e Brena Riker, 26, a levar o alimento do Evangelho aos que tem conflitos com a sexualidade. Semelhante a expressão bíblica “Aba Pai”, que remete à adoção (Rm 8:15), eles trabalham para que as pessoas possam ser recebidas por Deus pelo seu amor e graça, livres dos preconceitos sociais.

O Aba Pai é um ministério interdenominacional, que troca experiências com ministérios atuantes no Brasil como o Exodus, sediado no Paraná, Luz na Noite, no Espírito Santo e Grupo de Amigos (G.A), no Rio de Janeiro.

Apesar dessa área não atrair muita gente “a necessidade é gritante”, destaca David, diretor do ministério. A demanda em relação à homossexualidade, segundo o casal, é grande dentro e fora da igreja. Constantemente eles ouvem os desabafos de quem nunca encontrou coragem ou espaço para falar sobre seus conflitos. Entre os homossexuais auxiliados pelo ministério é comum, por exemplo, encontrar pessoas que estão desviadas das igrejas, e inclusive entraram para a vida de prostituição nas ruas.

Hoje o Aba Pai atua em duas áreas: aconselhamento pessoal e ensino. A agenda deles inclui treinamentos, palestras, seminários e conscientização para líderes, pastores, casais e famílias. Para agendar aconselhamento ou eventos acesse o site (http://www.ministerioabapai.com/) ou ligue para: 8119-7062 (David) e 8124-7876 (Brena). Confira a entrevista realizada durante o evento na Igreja de Cristo em Belém:

Casa do Pão - Como nasceu o Ministério Aba Pai?

Brena – O Ministério Aba Pai nasceu do coração de Deus mesmo. Nunca tivemos a pretensão de trabalhar com pessoas em lutas homossexuais ou que estão homossexuais. Nós nunca sentamos num divã e pensamos: vamos trabalhar com esse tipo de pessoas. Nós começamos evangelizando moradores de rua nas madrugadas de Belém, e no mesmo ambiente em que estavam os moradores de rua também está a prostituta, os homossexuais – e assim nasceu o ministério. Nós começamos evangelizando esse grupo, de travestis, de rapazes de zonas de prostituição e dali em diante Deus começou a nos impulsionar para um ministério e a gente sentiu a necessidade de aprender mais sobre isso. Foi quando entramos em contato com o Exodus, que é um ministério que trabalha nessa área e existe há mais de vinte anos e têm pólos no mundo inteiro, e nós fomos pra uma conferência deles e vimos também que outras pessoas no Brasil tinham ministérios parecidos, afins. Então começamos essa caminhada, debaixo da cobertura deles também, e aprendendo – nós fomos ao Canadá, sempre nas conferências nós estamos e agora Belém faz parte da diretoria do Exodus. E a gente tem caminhado. O ministério nasceu dessa forma – de uma ideia despretensiosa nossa, mas uma ideia pretensiosa de Deus.

Casa do Pão – Em que áreas de Belém vocês começaram a atuar?

David – Nós começamos com o evangelismo de travestis e homossexuais nas zonas de prostituição, na Almirante Barroso e na BR-316. No entanto hoje a gente trabalha tanto apoiando o evangelismo quanto na área de ensino, de treinamento de líderes e pastores, de outras pessoas, ou parentes de pessoas que tenham conflito na área de sexualidade. E também na área de aconselhamento pessoal, porque nós vimos que a demanda fora da igreja era igual à demanda dentro da igreja. Então era um problema fora da igreja, ligado a sexualidade, mas é também um problema dentro da igreja muito sério, que não se tem resposta, não se tem um alimento bíblico suficiente pra poder responder, receber. Muitas pessoas que lutam nessas áreas estão dentro da igreja. Então é um trabalho tanto dentro da igreja quanto fora da igreja, de concentração, de levantar um entendimento pra esse assunto.

Casa do Pão – Na ministração você falou do medo, vergonha e ignorância, quando o assunto é sexualidade. Mas qual é a principal barreira para que isso não seja abordado corretamente, especialmente no meio cristão?

David -
A maior barreira que eu acho é a questão do preconceito. O preconceito está justamente porque nós, ou boa parte da igreja, considera até mesmo pecados como o homossexualismo como mais pecado do que os outros – uma hierarquização de pecados. Então se descarta a pessoa que tem esse tipo de problema porque ela vai dar muito trabalho, como se fosse um pecado imperdoável por Deus, não admitido na igreja. Esse discurso não é bíblico, é ignorante, nega a graça de Deus. O preconceito reside nessa concepção nossa de que nós somos melhores; nós que nunca passamos por isso não procuramos entender, não procuramos ajudar porque achamos que talvez seja um pecado maior do que o nosso. E também é por causa do medo de se falar porque existe hoje uma ditadura do discurso do movimento homossexual contra isso - de que vai processar, que leva até a Justiça. Muita gente fica com medo de falar porque tem medo de receber retaliação. É uma coisa que de certa forma existe, no entanto não pode calar a igreja, porque ela é a única responsável por falar a verdade definitivamente, é a igreja. Se ela se calar quem vai falar? A gente fica ali preso pelo medo e pelo preconceito. Então isso precisa ser abolido na igreja.

Casa do Pão – E até a lei está indo por esse caminho, de não poder falar...

David –
É, está chegando à lei. E mesmo na lei não é proibido a opinião. A gente tem o direito constitucional de liberdade de expressão, liberdade de fé. Então se a Bíblia condena como pecado, ela condena a prática, a gente tem que desassociar a prática da pessoa. O que acontece é a confusão – uns entendem que a prática é errada, no entanto não agem com graça com a pessoa. Existe um lema muito sério que é sexualidade, verdade e graça. A sexualidade deve ser encarada como verdade – dizer a verdade, mas também com a graça de Deus, que não exclui ninguém.

Casa do Pão – Qual o ponto de partida para começar a entender a questão da homossexualidade a luz da Bíblia? Quais as palavras-chaves?

David –
Eu acredito que pra entender o conflito relativo à homossexualidade você tem que entender a identidade – quem nós somos. Inclusive é bom dizer isso porque o nosso ministério não é somente para tratar a questão da homossexualidade. Ele vai atrás da restauração da identidade de filhos de Deus, da imagem e semelhança de Deus, que a igreja tem, que todos os seres humanos são chamados a ter. Esse é o objetivo – tratar a identidade, restaurar essa identidade, fazer com que as pessoas cresçam nesse entendimento. Dentro dessa identidade está a questão da sexualidade, que pode ser, ou não, vivida com problemas na homossexualidade, que já é mais um departamento. Se começa do geral, da identidade, a sexualidade – que todos nós temos problemas, não só as pessoas que estão na homossexualidade – qualquer pessoa passa por conflitos na sua sexualidade, e aqueles especificamente que estão na homossexualidade também tem um entendimento. Então as palavras, eu entendo, são: identidade - imagem de Deus que foi perdida. A outra palavra importante é a graça - o amor de Deus, o que transforma, que é poderoso pra restaurar, que não exclui ninguém, que dá fim ao preconceito.

Casa do Pão – Muitas mudanças culturais, desde a época do Feudalismo, vieram a partir da questão da sociedade se afastar daquilo que representava a Igreja, a instituição. Uma época em que já se confundia Deus com religião, e entre outros resultados trouxe a separação – sexo pra cá, santidade pra lá, profano, sagrado. Qual a influência desse pensamento na formação das pessoas?

Brena –
Ainda sobre a questão do ponto de partida, outro ponto é saber como Deus vê o sexo. A Palavra está repleta de textos e versículos pra demonstrar o valor que Deus confere ao sexo, que o sexo não foi algo criado por Satanás – foi criado por Deus. Então a igreja precisa começar a redimensionar, a renovar o entendimento, entendendo a forma com que Deus vê o sexo na Palavra. É como o David bem expressou ontem - a figura do sexo é a mesma figura usada pra expressar a nossa união com Cristo – a união da Igreja com Cristo. (“Porque, como o jovem se casa com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo se alegra com a noiva, assim se alegrará contigo o teu Deus” Isaías 62:5) Que união mais fantástica, que metáfora mais fantástica Deus haveria de escolher para mostra isso do que o casamento? E Deus vê o sexo e chama o sexo de casamento. Então falar sobre a visão de sexo na igreja, falar sobre a sexualidade acaba indo tocar na questão da família, do casamento, porque sexo, pra Deus é casamento – sexo é casamento. A influência hoje na sociedade, dessa visão deturpada do sexo, ela parte primeiro de uma visão deturpada de família e de casamento.

Casa do Pão – Afinal, quando o assunto é sexo, com quem se fala - pai, amigo, pastor, escola, TV? Nós vemos que mesmo sem o devido entendimento do que a Palavra de Deus fala as pessoas já tem opinião formada sobre o assunto. O que fazer então?

David –
Os grandes discipuladores da sexualidade hoje são a mídia e os coleguinhas do MSN e do Orkut, da escola. Esses “guias” eles são muito comprometidos com a visão antibíblica, totalmente longe da verdade de Deus. Se acaba incorporando, desde a igreja inclusive, pensamentos, ideias que são mentirosas, que afastam as pessoas da vontade de Deus e da realidade que Deus tem. Com quem deve se falar eu acredito que com pessoas maduras, com pessoas que Deus tem levantado, que são modelos – não são perfeitas mas são pessoas que tem buscado entendimento, buscado conhecimento bíblico da Palavra de Deus, que podem orientar, abrir a mente, desmistificar muitas coisas, destruir mentiras na mente dos jovens. Agora essas pessoas, os pastores, muitos deles, não sabem o que dizer. Infelizmente, por exemplo, a homossexualidade é uma questão que se você chegar em muitos pastores maduros eles não tem nenhuma palavra pra falar, não entendem, nunca tentaram entender, nunca foram atrás. Isso é um déficit muito grande, uma lacuna muito grande. Nós líderes deveríamos ser as pessoas capacitadas pra poder conversar, e também os pais, principalmente os pais.

Casa do Pão – No evangelismo de homossexuais o que eles dizem pra vocês, quais as dúvidas, desabafos?

Brena –
Os travestis costumam nos receber muito bem. E um diferencial no evangelismo é que a gente buscou estar com eles nos relacionando. Nós não chegávamos lá condenando, mas antes de tudo com amor, muitas vezes ouvindo as histórias deles – nós inserimos a verdade do Evangelho para que eles pudessem nos receber muito bem, como assim foi. E a gente tinha uma abertura muito grande. Eles geralmente sabem que a condição é pecaminosa, mas não viam vias de libertar-se disso. Geralmente era bem desafiador pra nós. Agora no que diz respeito aos rapazes e moças que estão na igreja, estão sentados nos nossos bancos, e alguns são líderes nas igrejas – eles nunca abriram pra ninguém. Quando nos procuram, estão diante de nós, o questionamento maior deles é: “quem eu sou em Deus?”. Chegam diante de nós e dizem: “eu sou gay, eu estou na igreja há muito tempo, mas dentro de mim eu sou gay”. A nossa primeira conversa, a nossa premissa é explicar como Deus nos vê e que não existe um terceiro sexo. Parece tão óbvio quando aquele simples relato da criação - Deus fez macho e fêmea (Gn 1:27-28), é transformador na mente deles. E a gente parte sempre desse pressuposto de "quem você é?".

David – Eles chegam dizendo: “eu sou homossexual e não há esperança pra mim”. Há uma falta de esperança muito grande. E é como ela falou, é resgatar a verdadeira identidade da pessoa, e dar esperança pra ela.

Casa do Pão – A partir dessa palavra “resgatar” resumam o objetivo do ministério.

David - O ministério Aba Pai tem como objetivo proclamar a redenção da sexualidade. Agora é bom dizer que isto faz parte de algo maior que é o nosso senso de identidade – quem nós somos em Deus. Então nós vamos atingir tanto pessoas que estão em conflitos na sexualidade quanto todos nós que precisamos, em muitas áreas, saber quem nós somos em Deus. É um ministério de restauração. Claro que tem um enfoque primordial na sexualidade humana, e dentro desta questão da sexualidade o que tem sido visto de maior problemática é o homossexualismo. Não é o único problema da sexualidade, mas é um dos que tem pouca palavra, pouca resposta da igreja.

Brena - Até porque falar em homossexualismo é falar das raízes que geraram. Porque se a gente parte do pressuposto de que o homossexualismo não é inato, não nasce com a pessoa, que Deus não criou o terceiro sexo, existem então raízes que contribuem para que a pessoa chegue a esse estágio. Quase sempre as pessoas que estão na homossexualidade foram abusadas sexualmente – na sua infância ou pré-adolescência, outros tiveram graves problemas com os pais, outros tiveram problemas com suas mães e adentraram no lesbianismo. Quando se trata de uma pessoa desse jeito você acaba tendo que tratar de abusos, questões relacionadas a família, traumas. Acaba sendo um aconselhamento completo.

Casa do Pão – Quando se entrega a área da sexualidade pra Deus, qual é a diferença na vida da pessoa?

David –
Quando se entrega a sua sexualidade pra Deus eu acredito que você vai aprender a obedecer a Deus por amor a Ele, não porque alguém lhe força. Vai aprender quem você é realmente, parar de buscar, no sexo de qualquer jeito, a resposta. Aprender a não buscar na prostituição, no homossexualismo, ou em qualquer tipo de pecado, a satisfação, mas buscar em Deus – a verdadeira fonte. Quando você entrega isso a Deus você consegue entender que Deus é quem determina as coisas, que Dele vai partir tudo o que nós precisamos para estar satisfeitos. Que eu não preciso ir pra me alimentar, digamos assim, com pecados, com vícios, com escolhas que estão me oferecendo, porque eu tenho Deus. Ele é suficiente e me diz quem eu sou e me supre em todas as minhas necessidades, inclusive as emocionais e sexuais. Entregar é isso, é aprender a obedecer por amor e o senso de quem eu sou, do valor que eu tenho e de onde eu preciso buscar as necessidades da minha vida, que é em Deus, não nas coisas ou nas pessoas.

Por Marta Cardoso


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