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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Crônica - Graça nos pés, fé nos olhos

Como é bom olhar ao redor e sentir que você está em casa, na sua terra, seu lugar. É inevitável, perto das coisas com jeito e cheiro de lar, aquele sentimento de estar no melhor lugar do mundo. Tem aquela pracinha querida, a árvore do quintal sempre generosa em frutos, a garotada correndo atrás das pipas, os pássaros que visitam sua janela, a canção que o vizinho assovia pela manhã, os quitutes da avó no final de semana. São coisas que viram parte do que somos, nossa identidade.

Mas quando tudo parece imutável vem o decreto: “Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei”. Calma Pai, como assim? Queres que eu pegue uma muda de roupa, dê um pulo bem rápido lá e volte logo, não é? “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”, reforça o Senhor.

Não sei como seria deixar tudo para trás. Teria a minha Praça Batista Campos (meu pequeno mundo), minha Tamoios, meu aquário da Jinkings (que saudades), a casquinha de flocos nevado na Cairú, pupunha brilhando, manga amarelinha que se conquista correndo, bem-te-vis bem me vendo todas as manhãs. E se Ele me chamasse?

Ora! Esse texto nada mais é do que um pretexto para falar dos meus viajantes, que agora são minha família. A Casa do Pão é uma mistura de belenenses e paraenses, não de nascimento, mas de sentimento. O IBGE revelou o que muitos sabiam há tempos – que em algumas cidades do Pará encontramos tudo, menos paraenses. Para completar, os que são têm sotaques indefiníveis.

Às vezes me sinto estrangeira perto deles, ainda mais quando acham graça de expressões como “mas quando”, típica da capital. Engraçado mesmo é ver goiana tirando sarro do sotaque do maranhense, e eu só olhando, achando tudo lindo demais.

Amo demais minha cidade, Belém, em cada pedacinho das calçadas. Alguns diziam que era porque não tinha conhecido outros lugares. Mas desde criança sempre soube que nasci no lugar certo, apesar de ser um “ovo de codorna”, segundo a comunidade na internet.

Sem sair do lugar ganhei uma família, cheia de sotaques e histórias de vida. Nos olhos de cada um vejo um brilho de quem se apaixonou por esse lugar. Pergunto-me às vezes: “estariam eles pensando como está o tempo na cidade natal? Como estará fulana?” Mas o olhar deles só demonstra fé, de que esse lugar será transformado, afinal aqui também é a casa deles. Às vezes alguns dão um pulinho na terra natal, me deixando na saudade – o preço de ter sido mal acostumada. Fiquei até “titiazada” (existe isso?).

O fato é que os amo. Tenho muitos motivos para isso, mas um veio em primeiro lugar - amo quem ama minha cidade. Amo quem teve o coração transformado para derramar amor nessa terra. O Senhor disse para cada um: “Ide”, e eles vieram. Amo ainda mais, e imensamente, esse Deus que me deixou na minha terra, no lugar que tanto amo, para ganhar uma nova família. Nosso encontro era inevitável. É incrível o tamanho da minha bênção. Agora minha família é grande, e está crescendo. É a Casa do Pão que mora na Casa do Pão.

Pode até chegar o dia em que meu Pai determine: “Ide!”, mas saberei o que fazer, não seria desobediente. Por enquanto eu apenas agradeço por tudo o que Ele está fazendo. Obrigada pelas promessas para a minha Belém. Obrigada pela vida de cada um que anda com graça nos pés e fé nos olhos. Obrigada pela minha Casa do Pão.
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3 comentários:

Anônimo disse...

Martinha, vá devagar olhe o coração da sua pastora....


Texto perfeito!

Nós amamos Belém, essa terra é também nossa, amamos o cheiro, o sabor, a chuva....


Beijos menina amada.

Anônimo disse...

Pôxa!!

Güenta coração...
Pois é, sai da tua terra da tua parentela, é isso q conteceu comigo. Vim para uma terra onde nunk tinha vindo, e agora tô aqui com vários irmãos muito especiais pra mim,outros que são usados por Deus no louvor, outros que são usados por Deus na dança, na escrita de tex tos maravilhosos, outros para ensinar e outros com vários outros dons...



Qndo a Martinha me isse que tinha uma matéria pra mim no blog "nungüentei demoção" pois é...
sou um mineirim uai aqui na Casa do Pão só queria dizer que "êta trem bão" que foi ler esse texto viu!

Família Casa do Pão, eu amo vcs!!!

Anônimo disse...

Martinha,
Texto perfeito mesmo!!
Tbm Somos Belém, pq aprendemos a amar essa cidade.
Obrigado nossa Jornaleira linda e abençoada.

Amo muito vcs Casa do Pão.
bjim

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