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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Crônica - Quem diria...

Olha só o fulano... Quem diria... Para ser digno desse comentário a caminhada costuma ser longa. Um dia confessamos publicamente que Jesus é o Senhor de nossas vidas. A platéia criou logo a expectativa para saber o que iria acontecer. Uns com otimismo, outros com pessimismo, esperavam a mudança da água para o vinho. Será mesmo?

Algumas pessoas são sua própria platéia. Por conta própria fazem a torcida do contra. Não ensaiam grito de guerra, nem sentem emoção na partida. As limitações são tantas que parece mais fácil se contentar em ser o crente “café com leite”. Sem preocupações, sem metas, sem sonhos, sem perspectiva. “O importante é que já aceitei Jesus, isso já deve valer alguma coisa na bolsa de valores”, deduz.

Debaixo da justificativa de ser “café com leite” fui usando o tal jeitinho brasileiro para me esquivar das coisas de Deus. Para ensinar as crianças é comum o uso do chamado andador. Quando fui ficando marmanja essa tática já não colava. Mesmo que ninguém me dissesse claramente eu sabia o que eu era - uma embromadora. Repudiava a possibilidade de me tornar uma religiosa, esquentadora de banco de igreja. Mas também tinha medo de me entregar à direção do Senhor. Tinha medo da mudança.

O bloqueio era geral. Era difícil louvar, adorar, levantar as mãos, dobrar os joelhos. Ler a Bíblia era um fardo. Faltavam palavras e disposição para orar. Faltava disposição para me habilitar para as tarefas da igreja. Ser líder? Levar o evangelho? Ouvir um louvor em casa? (!!!!) Nessa época eu estava quase escrevendo um livro: “Mil maneiras de não ir ao culto”. Se não havia uma justificativa plausível eu inventava uma esfarrapada mesmo. Se chovesse melhor ainda. Na falta de invenções eu apenas declarava que meu coração não teria sinceridade para estar ali. Pela justificativa de não trair Jesus com as mentiras do coração eu trilhava pela inconstância.

Meu medo era amigo da preguiça. Essa se escorava nesta “nobre” franqueza sobre a falta de “sinceridade”. Esse sentimento casava com a couraça do meu espírito, que me habilitava para atitudes absurdas. Certa vez eu simplesmente abandonei o culto. Fiquei revoltada, muito revoltada com a palavra. Tudo porque ouvi que estávamos próximos de testemunhar um tempo sem precedentes onde todos dali, sem exceção (sem exceção mesmo), seriam atingidos pelas bênçãos. “Isso não é pra mim”, declarei em pensamento, com o coração cheio da mistura venenosa de sentimentos. Mais tarde decidi me afastar de Deus, e conseqüentemente de Sua igreja.

Em dezembro passado eu fiz um pedido, com a sinceridade de filha pródiga que já sentia vontade de voltar pros braços do Pai. Pedi, meio que timidamente, que meu ano fosse diferente em todos os sentidos. Eu não sabia, mas o Senhor já estava à porta, me esperando e providenciando cada uma das minhas necessidades. Diante de tanta misericórdia conclui: “se tudo está mudando, até mesmo nas coisas que não pedi, por que minha relação com Deus não poderia mudar também?”

Levada para a Casa do Pão Ele me livrou, passo a passo, dos velhos hábitos. Que vontade de adorar, louvar, cantar, dançar, pular! Que música linda é essa, que exalta Teu nome? Como é bom me alimentar com Tua palavra, diariamente! Que vontade de trabalhar no Teu projeto! “Que queres que eu faça?”, pergunta o coração.

Para quem olha parece coisa básica. Não deixa de ser. Mesmo assim, ainda como minha própria platéia, olho e penso: quem diria! Sinto e vejo coisas grandiosas chegando (dessa vez eu sei que são pra mim). E para quem deixou de ser “café com leite” o desejo de subir de nível deve continuar. Não como vaidade, mas como testemunho da glória do Senhor. Afinal, Ele precisa de pessoas ousadas, mesmo que antes elas tenham vivido na certeza de que nada podiam.


“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura;
as coisas antigas já passaram;
eis que se fizeram novas”. (II Coríntios 5:17)

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