Todos querem a felicidade. Mas quem vai em busca dela? Neste filme estrelado por Will Smith a primeira coisa que se conclui é que as pessoas não têm a menor idéia do que ela seja. Não sabem nem escrevê-la.
Em inglês, felicidade é “happiness”, com “i”, como numa das mais famosas frases da Declaração de Independência dos EUA: “vida, liberdade e a busca da felicidade”, que seriam os direitos inalienáveis do homem. O “y” intruso em “happyness” chamou a atenção de Chris Garner. A palavra estava pintada no muro da creche onde deixava o filho de cinco anos, Christopher.
A história, ambientada em 1981, é baseada em fatos reais da vida de um vendedor de São Francisco que vivia no limite da linha da pobreza. O verdadeiro Garner é atualmente uma lenda em Wall Street, o coração das finanças. Antes disso Chris era um “fracassado” segundo a leitura do mundo. Quando é preciso fugir dos credores, receber cartas de cobrança, ou penar para botar a comida na mesa, é difícil até entender o caminho que nos levou aquele abismo. O fato é que ele estava lá dentro.
Mesmo pouca, a única renda fixa vinha da esposa, que se esgotava para fazer horas-extras. Com o Chris tudo era incerto. Todo dia ele percorria hospitais na tentativa de vender unidades de um scanner de densidade óssea portátil, que era muito mais eficiente que um raio-X e custava o dobro do preço. No início parecia uma mina de ouro, mas com o tempo percebeu que aquela geringonça era vista como um luxo desnecessário. O único que dava valor era um louco que insistia estar diante de uma “máquina do tempo”.
Amenizando o prejuízo era necessário se livrar daquele monte de scanners, gastando muita sola de sapato e ouvindo muitos “nãos”. Pra completar ainda tinha a esposa que jogava em sua cara toda a insatisfação e menosprezo. “Eu não sou feliz” – gritava a mulher, que abandonou o marido.
Chris ainda acreditava. Quando tudo dizia não ele teimou que iria ser feliz junto ao filho. Diante da frase na moeda americana “em Deus nós confiamos”, Chris se lembrou das palavras de Thomas Jefferson na Declaração e não queria acreditar que era apenas um discurso bonito. Na escadaria de uma grande corretora Chris teve a impressão que todos ali eram felizes, e queria sentir aquilo também.
O segredo era simples, segundo revelou um corretor: ser bom com números e pessoas. Na infância, quando ele tirava “A” nas provas, já tinha noção do que era capaz e que nunca seria um fracassado.
“Ah, lá vem mais uma história do cara bem sucedido”. Os filmes baseados em histórias reais são bons, não para dizer: “que bom que o cara conseguiu”. E sim para pensar: “por que eu não?” Chris estava falido, mas sabia que havia algo para lhe alçar. Nem todos têm essa visão, como a viúva da botija de azeite, que lembrei na mesma hora. Ela tinha uma dívida que se não fosse paga transformaria o filho em escravo. Mas ela tinha uma botija de azeite, que foi o instrumento para execução do milagre (2Rs 4).
Ele se virava bem com os números, e até resolvia o desafiador cubo mágico. O resto da habilidade ele teria que comprovar num concorrido programa de treinamento de corretores, onde vinte candidatos disputavam uma vaga de emprego. Seriam seis meses de estágio não remunerado. Era uma grande chance, mas até ela chegar foi muito “pauperê”.
Quando tudo ficava pior, ficava pior. Para quem passa por algo assim fica aquela angústia, para que Deus aperte logo aquele botão para que o sofrimento acabe. Em busca da felicidade a vida dessas pessoas é feita de pequenas vitórias, como consertar a luz do seu “scanner de densidade óssea portátil” e vendê-lo para dar uma respirada nas finanças.
É uma vida de “criatividade” e jogadas ensaiadas que nem sempre dão certo. Chris deu até o calote no taxista por não ter U$18,00 na carteira. Cada centavo é valioso para quem vive esse aperreio. Alguns torcem para achar aquela moeda no chão ou para que ninguém te convide para nada que tenha despesas. Nos EUA as pessoas doam sangue por alguns trocados.
Assim como na vida de Chris há truques que só você e Deus sabem, que são vergonhosos demais para compartilhar. Ao ouvir um “não tenho” aquele pedinte que bateu na porta talvez não acredite na sinceridade da resposta. Financeiramente falando pouca coisa os separa do pedinte. A diferença é que um se entregou a vida de mendicância. O outro ainda tem uma “capa”, um terno e uma gravata, um convívio social com pessoas assalariadas.
“Aperte logo o botão”, ou “pára o trem que eu quero descer”. Assim como o Chris muitos até dão uma passada na igreja, meio que escondidos: “já pensou se alguém me vê pedindo ajuda para Deus!”, temem. Parecia tortura, mas Chris ia agüentando e mostrando excelência no estágio, numa correria incessante.
A virada não vinha logo porque não era uma solução imediatista – era um “peixão”, que demorava a ser pescado. Para quê precipitação e improvisos humanos quando as coisas já estão traçadas para nós? Não ter onde dormir é o máximo da humilhação para um pai, mas havia um “peixão” guardado para ele, e bem melhor do que vender a tal geringonça médica eternamente.
Demora muito até que aqueles U$5,00 que estavam lhe devendo, e estavam fazendo muuuuuuuuuuuuuuita falta, voltassem a ser o que realmente são – apenas U$5,00. “Aperte o botão”. Não há botão porque a felicidade não chega assim. Ela não vem de uma só vez, instantaneamente. As lágrimas secam dia após dia e sem perceber não estamos mais chorando. Quando o “peixão” chega se descobre que era apenas o começo. Nem todos conseguem ouvir a trilha sonora e cores que vem de dentro, mas olha lá: “um homem feliz”.
“Porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade” (II Coríntios 8:2).
“Fostes fiel no pouco, sobre o muito te colocarei” (Mateus 25:23)
“Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda” (Eclesiastes 5:10).
“Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento” (Provérbios 3:13).
“Não temas o pavor repentino, nem a investida dos perversos quando vier” (Provérbios 3:25).
“E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto, a locusta, e o pulgão e a lagarta, o meu grande exército que enviei contra vós. E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do SENHOR vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será envergonhado” (Joel 2:25-26)
Título Original: The Pursuit Of Happyness
Direção: Gabriele Muccino
Drama (2006)
Elenco: Will Smith e Jaden Smith.
Leia também:
Náufrago
terça-feira, 25 de novembro de 2008
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2 comentários:
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Parabéns por seu texto. Muito bom. E o filme por sua vez,é bárbaro. Will Smith é sempre ótimo no que faz e neste ele fez seu melhor papel. A história de Chris Gardner é comovente e inspiradora.Um exemplo pra todos nós.
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