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domingo, 22 de fevereiro de 2009

Crônica - Efatá!

O que dá sentido à vida é a comunicação, afinal Deus não criou pedras a Sua imagem e semelhança. Ele preparou tudo com muito cuidado para que quando chegássemos encontrássemos um mundo feito para ser visto, tateado, cheirado, degustado. E claro, que pudéssemos falar de tudo isso, com nossas bocas, e agradecer ao Criador por tantas coisas.

Desde crianças somos preenchidos por essas informações. Mesmo sem entender nada um bebê se alegra com sons, formatos e o colorido de um objeto. As palavras só existem porque as pessoas buscaram traduzir tudo o que viam e sentiam. É por isso que podemos nomear tudo, dizendo que aquilo é uma "árvore", aquilo é "vermelho", estou com "frio" ou sentindo "alegria".

Nossos sentidos, mais do que codificar e decodificar o mundo, têm função especial: nos conduzir a Deus. Dizemos que algo é real não apenas porque achamos, mas também porque nossos sentidos atestam isso. Logo, para ter um relacionamento real com um Deus real, nada melhor do que seguir o exemplo do salmista.

Davi era extremamente sensorial nos salmos. O motivo de sua adoração e louvor não era um Deus de faz-de-conta. Tudo era repleto de formas, cheiros, comparações e gosto. Por causa disso ele desabafava, dizendo que sua carne ficava arrepiada. Descrevia a situação de seu coração e até dos rins.

As adorações eram oferendas de seus lábios, com oração que subia como incenso. Os mandamentos do Senhor eram para ele como lâmpadas para os pés e luz para os caminhos. Palavra tem gosto? “Quão doces são as Tuas palavras ao meu paladar... contudo os Teus mandamentos são a minha delícia” (Sl 119:103 e 143).

Nem sempre temos os sentidos totalmente aptos. Jesus mostrou-se especialista em milagres ao curar, por onde passava, todo tipo de limitação física: coxos, cegos, de mão ressequida, etc.

Jesus percorreu inúmeras cidades anunciando as boas novas, que traziam a salvação. Imagine então a dificuldade para ouvir as doces palavras admiradas pelo salmista; as palavras de vida eterna. Imagine um empecilho para louvar e adorar o Senhor, como fez o salmista.

Por essas e outras fiquei tocada com o milagre da cura de um surdo e gago
(Mc 7:31-37). Com a comunicação prejudicada talvez ele nem tivesse noção de que Jesus era o salvador. Foram outras pessoas que o trouxeram e suplicaram que impusesse as mãos sobre ele.

Mais eficiente que um aparelho de fonoaudiologia Jesus colocou os dedos em seus ouvidos. Na língua, tocou-a com saliva. O salmista dizia: “suspiro, Senhor, por tua salvação” (Sl 119:174). Dessa vez o suspiro foi do Senhor:

“Depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te!”
(v34)

Não era um abre-te sesamo. Com seu suspiro Ele resumiu uma oração. É como dizer: “ó Senhor, como eu confio em Ti. Mostra o Teu poder. Derrama a Tua graça”. Na mesma hora seus ouvidos abriram e foi solto o empecilho da língua.

Nesta hora pensei o quanto sofremos de embaraço. Aquele gago também era tido como mudo. São pessoas que não falam direito porque não ouvem direito. Por pensarem mais rápido do que o ato mecânico as palavras saem atropeladas. O resultado é uma comunicação difícil e um profundo constrangimento com piadas de gago.

Há tempos busco adorar com todos os meus sentidos. Só que essa empolgação muitas vezes é atrapalhada por nossa gagueira. Você está cheio de entusiasmo para anunciar esse Deus vivo, digno do louvor de nossos lábios. Mas na hora acabamos gaguejando, nas ruas, na escola, em casa, no trabalho, com os amigos...

Não é apenas um aspecto oral, mas de mensagem propriamente dita (lembrando que existem ministérios de surdos e mudos, para glória do Senhor). É o “empecilho” de conseguir comunicar Jesus, de coração, com sinceridade, entrega e eficiência, sem receio ou se atrapalhando.

Que vontade me tomou para que o Senhor tenha essa mesma misericórdia para fazer essa cirurgia espiritual. Gaguejar é mais do que constrangedor para qualquer pessoa que tomou consciência de seu chamado. Mas vejam só: precisamos ouvir bem. Nos resta clamar a quem tem feito tudo esplendidamente bem, que tem poder para nos fazer falar desembaraçadamente.

Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós” (Mt 10:20).
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