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segunda-feira, 9 de março de 2009

Crônica – Inventando desculpas

Com Jesus é assim: você tem sempre que inventar uma desculpa. Sempre há um jeitinho. Pode até soar como desculpa esfarrapada, mas quem se importa? Aí você diz: “não dá...”

Foi assim que, fingindo para mim mesma que estava só de passagem, precisei inventar um desculpa... para vê-Lo. No fundo eu sabia: “Não dá... pra ficar sem Ele”. De mansinho, como quem não quer nada, eu voltei para o meu Salvador.

Minha caminhada com o Senhor pode ser medida entre carnavais. Parece meio improvável, mas foi num período de folia que minha vida tomou novo rumo. O Senhor manda pessoas para nos trazer palavras de vida. São como verdadeiros anjos colocados em nosso caminho, trazendo um pacote de esperança, que nos recusamos a abrir. Palavras que são como para-quedas que não queremos usar, mesmo estando em plena queda.

Eu era dessas que clamava, mas quando a encomenda da salvação veio queria devolver ao remetente com o recado: “não preciso não”. Precisei de uma forcinha de Deus para aceitar Sua ajuda. Ainda não consigo explicar a alegria que tomou meu coração naquela tarde de fevereiro, quando senti que estava pronta e sem medo de receber o que Ele tinha pra mim. Tomei a decisão naquela hora de ir até a igreja com minha amiga, que pacientemente me convidava, e deixar acontecer.

Só que a mania de inventar desculpas teima em não ir embora. É quando inventamos de um tudo para não deixar Deus completar Sua obra em nossas vidas. Desculpas adiam, travam e afastam coisas de nós. Nos afastam da pessoa que mais nos ama nesse mundo.

A volta do retiro de carnaval da Casa do Pão foi uma espécie de aniversário para mim. Já passaram seis anos desde aquele finalzinho de carnaval, quando fiz minha opção por Jesus. Foram dois aniversários na verdade. Foi também num finalzinho de carnaval que voltei para Ele.

Nos anos em que me afastei minha vida ficou do jeitinho que escolhi. Para quem já tinha experimentado um pouquinho da glória a diferença ficou nítida quando percebi que meus anos foram absolutamente iguais, xerocados, cheios de nada.

Jesus ficou “na Dele” (se é que é possível). Confesso que certa vez me senti a cereja do bolo, achando que Ele estava “inventando uma desculpa” para me ver. Não tinha maturidade para entender que Ele não precisa desses recursos humanos, pois tem métodos perfeitos.

Apesar da minha decisão em me afastar o Senhor deixava marcas de Sua presença. Em silêncio, recebi declarações de amor. É como brigar com a pessoa amada, ficando de cara emburrada. Tempos depois aparece um buquê de flores na porta, sem bilhete, mas você sabe quem enviou. É alguem que espera pacientemente que nossa tolice passe.

Com essas sutilezas Jesus tornou-se simplesmente irresistível. Em pleno carnaval lá estava eu ligando para uma amiga (que também ouviu muitas de minhas desculpas). Minha desculpa era a vontade de colocar as conversas em dia após tanto tempo. Tive que esperar até o finalzinho do carnaval porque ela estava no retiro. “Puxa, Jesus está difícil”, pensava.

Não era uma esnobada, só estava fazendo no tempo certo. Meu plano era visitar minha amiga, como quem não quer nada. Como não estava dando certo eu fui mais cara-de-pau, para criar uma situação para que ela me convidasse para visitar a sua nova igreja. Eu não conseguia assumir minhas reais intenções, mas o fato é que colou.

Cheguei disfarçada de visitante, mas quando senti o clima do lugar precisei imediatamente arranjar um jeito de ficar. Enquanto todos contavam as alegrias do retiro meus olhos passavam por cada um, como numa cena em câmera lenta. Como se ouvisse uma trilha sonora de boas-vindas, composta por quem já me esperava há muito tempo.

Como é bom viver livre das desculpas. Jesus deve ser o nosso amado. Só que o enredo não deve ser o de uma comédia romântica, cheia de encontros, desencontros, birras, tolices e desculpas. Não soprei velinhas pelos seis anos com Jesus, nem pelo primeiro ano na Casa do Pão (parece que foi ontem, né). Mas fiquei muito feliz em ter inventado uma desculpa que colou (e me salvou).
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Um comentário:

Anônimo disse...

Tu é bem vinda e muito amada minha jornaleira.

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