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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Crônica – Um filme... a minha vida

Imagine que um fusca roxo te atropelou. De repente sua vida passa diante dos seus olhos, como num filme. O que você está vendo?

A batida foi fraca e não me machucou (sim, fui atropelada por um fusca roxo, e daí?). Ele apenas me lançou ao chão. O tal filme realmente passou e foi bem rapidinho, pois eu só tinha dez anos de idade. Achei que ia morrer!

Esse medo resgata de dentro de nós essas imagens. Jamais poderia imaginar que eu poderia repetir a experiência de ver as cenas de minha vida sem estar movida pelo temor da morte. Revi o filme. Era Jesus atendendo a um grande pedido.

A cruz. Eu precisava entender algo que costumamos achar que já entendemos. Sabia que minha caminhada seria totalmente diferente quando eu entendesse a cruz, e o que Jesus fez através dela. Orava pedindo que Ele me revelasse. “Ei, por que você não assiste Paixão de Cristo?”, poderia alguém recomendar. Mas eu ansiava entender, de verdade.

Uma canção me confundia: “eu nunca saberei quanto custou ver meus pecados lá na cruz”. Teimosa, eu desabafava. “Não Senhor! Não acredito que é impossível entender. Eu quero, eu preciso”.

Minha limitação era tentar imaginar a dor que Jesus sentiu. É uma armadilha que despertava uma espécie de pena do Senhor, e nada mais. Com isso eu não conseguia desprender meu pensamento das ideias banalizadas e corriqueiras diante da imagem da cruz. Algo do tipo “Jesus morreu por mim, puxa vida!

Precisava ver a cena por outro ângulo. Precisava descobrir a identidade de Jesus. O caminho era tirar dúvidas bíblicas (que eu tinha vergonha de perguntar) que empacavam meu entendimento.

Num trivial início de tarde, esfomeada, enfrentando engarrafamento para voltar para a redação, eu lia atentamente Autoridade Espiritual, de Watchman Nee, quando o Senhor facilitou as coisas pra mim.

Minha resposta morava numa outra canção que cantava e não entendia, que dizia que antes mesmo de existir uma gota no oceano Jesus estava em Seu trono. Eu vi um Rei, com uma majestade extraordinariamente extraordinária, divina, universal. Tão lindo, tão puro. Maravilhoso! Do trono Ele assiste tudo.

Eis que surgem, diante de meus olhos, cenas familiares, banais, triviais, corriqueiras. O filme da minha vida, novamente. Dessa vez eu visualizei de onde o Rei assistia. Tudo era horrível, terrível ... Quanta vergonha senti daquilo que parecia normal. Ele me olhava.

Daí aconteceu. Vi o Rei se levantando, tirando Sua coroa e vindo a Terra. A majestade entre nós, como se fosse um homem comum! O Rei - dono de tudo; lindo, puro, santo - veio se sujar na minha sujeira, ser alvo das maldições que estavam direcionadas para mim... O Rei dos reis, morrendo na cruz. O Rei!

“Não, não, não, não, não!!! Por mim não, por mim não!!!” Foi apenas uma reação, um desabafo, pois eu não podia mudar a cena – já estava feito. Não era tragédia, era vitória. Mas era um constrangimento sem tamanho, como o de João Batista, que sabia não ser digno nem de desatar os cordões das sandálias de Cristo. Não me senti digna disso, quem dirá de ver o Rei morrendo em meu lugar.

Chorei, gritei e fiquei ofegante... somente em espírito (eu estava no carro lembra?). Cenário esquisito para finalmente entender algo dessa dimensão, mas se o motorista perguntasse o que eu tinha eu iria sussurrar ... a ... cruz... a cruz..

O Rei continua olhando. Em cena, os nossos pecados. Sem precisar fazer muito esforço a essência do pecado é simples de entender. É tudo aquilo que Jesus não faria. As palavras que não diria, aquilo que não usaria. Lugares onde nunca iria. O que não beberia, nem comeria. Pensamentos que jamais teria... São obras da carne. A consequencia, como é revelado na Palavra, é que “não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gl 5:21). Ficar longe do Rei?

Importante detalhe para quem assistir ao filme de sua vida: enquanto olha tudo o Rei não pensa duas vezes. Ele veio até aqui convicto do que estava fazendo. Ele, que nos assiste, que nos conhecia pelo nome, ainda no ventre de nossas mães. Ele, que tantas coisas sonhou para ver em nossas vidas. Não, Ele não iria se conformar em viver sem mim, sem você. O Rei fez o que fez.


"Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (II Co 5:14-15).
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