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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Crônica - Vem vindo o Rei!

“O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre...” (Sl 45:6).

Tenho andado constrangida porque não sei me portar diante de uma majestade. A frase que dá título ao texto é comum naqueles filmes medievais. Bastava ouvir que o rei estava chegando para os súditos ficarem alvoroçados. Uns iam logo preparar presentes, com o melhor que tinham, para agradá-lo. Outros caprichavam nas vestes, para quando ele passasse. E quando ele chegava, ai daquele que não se ajoelhasse, ficando prostrado no chão, saudando o rei.

Sempre foi complicado entender essa mistura de temor e comoção social que reis e rainhas exerceram nas pessoas. Quem tentaria dizer a um britânico que é bobagem reverenciar a família real em pleno século 21? Quem sabe nós brasileiros, que já chutamos há muito tempo os nossos monarcas? Eu nunca entendi a dimensão e o peso de uma coroa, por estar acostumada com o presidencialismo.

Só que agora eu sei que tenho um Rei. A parte constrangedora é que não sei como me portar diante Dele. Esse é um Rei muito diferente. Ele é o Rei da Glória, o Deus da criação, que conhece cada estrela pelo nome. Reina nos céus, reina na terra. O poder está nas mãos Dele.

Mas será que ficamos alvoroçados quando alguém, com tamanha majestade, está diante de nós? Antigamente os reis eram temidos, amados, admirados, mesmo por quem só ouvia falar deles. Não havia revistas, jornais nem internet, mas eles se faziam respeitar por vastos territórios. É incrível notar no livro de Ester, por exemplo, que um simples selo feito com o anel do rei, tinha peso de lei diante das províncias, decretando vida ou morte (Et 3:12).

Adiei esse texto durante meses, com receio em falar sobre majestade. Eu pensava: se eu postar agora vão achar que eu estou falando daquele outro rei. O tempo passou e nada: Xi, agora podem pensar que é desse outro aqui, ou dessa aqui. Inventamos tantas majestades: na música, no esporte, na televisão. Em cada área de nossa vida coroamos alguém. E como o povo fica alvoroçado!

Mas e o verdadeiro Rei? Quem saúda? Quem louva? Quem teme? Quem se prepara para recebê-lo? Nosso problema é não reconhecer a majestade do Senhor e permanecer ignorando a reverência, como se Ele não merecesse. Para complicar ainda mais o verdadeiro Rei se comporta de uma forma nada comum para alguém do Seu porte. Pense agora:

Você deixaria sua mãezinha de 75 anos carregar as pesadas sacolas de compras no seu lugar? Já imaginou Oscar Niemeyer construindo a casinha do seu carrocho vira-latas? Que tal Fernanda Montenegro servindo você no restaurante? Você deixaria Nelson Mandela engraxar os seus sapatos? Que absurdo não é mesmo? Quem sou eu?

Foi a maior piração para João Batista receber Jesus para o batismo. Logo ele, que vivia anunciando a chegada Daquele “que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias” (Mc 1:7).

Se isso é piração, o que dizer quando o Rei decide morrer por você, numa humilhante crucificação? Eu mal conseguia escolher uma foto para essa postagem, por não conseguir achar uma coroa pomposa o bastante para Ele. Eu havia esquecido que o dono do ouro e da prata deixou sua coroa antes de vir a terra, para ser como nós. Antes de voltar para Sua glória Ele a trocou pela coroa de espinhos.

Quando consigo visualizar uma gota dessa majestade eu fico constrangida e piro ao perceber a miséria de adoração e reverência que tenho oferecido a Ele, que não carregou minhas sacolas, não me serviu a mesa, nem engraxou meus sapatos, mas deu a vida por mim, como se fosse um plebeu qualquer.

Por incrível que pareça o primeiro a ver o Rei Jesus foi o cego Bartimeu. Ele foi o primeiro a reconhecê-lo como majestade ao clamar: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” (Mc 10:48). Foi o primeiro a fazer referência a linhagem real de Jesus, já que o povo sabia que o Messias viria da família daquele cujo trono seria eterno (1 Cr 17:14).

Bartimeu, ainda cego, viu o Rei e o adorou, como o menor dos súditos. Por cegueira, surdez ou insensibilidade seguimos ignorando o Rei. Muitos de nós não tem as palavras do Rei como lei. Não há a merecida reverência, nem se preparam as vestes e a casa para recebê-lo. Não há alegria, ansiedade, temor nem alvoroço quando ouvimos: “Vem vindo o Rei!”. Ele sim é o Rei. Os outros são os outros.

Sabe, assim como João Batista, eu não sou digna de desamarrar os cadarços de Jesus. Nenhum desses reis e rainhas por aí me amou nem amará (não sabem nem o meu nome). Mas sem que eu possa entender (e nem precisa) o Rei disse que me ama naquela cruz. E é por isso que não consigo mais ficar indiferente, nem que seja para acordar e dizer: “Bom dia Rei!”


“Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”
(Mc 3:2).

“Eu te exaltarei, ó Deus, rei meu, bendirei o teu nome pelos séculos dos séculos”
(Sl 145:1).
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